O Tempo Passa - (ou "Como Assim, Não Tem Bidu Uva?")




Eu estava escrevendo o post dessa última sexta-feira, para a coluna "3passando Linhas" sobre como o futuro atual é diferente do futuro de antigamente, e acabei por me tocar que não é só o futuro que ficou diferente. O presente, hoje em dia, é muito, muito diferente do presente que eu tinha nas décadas de 70 e 80.

Tá, eu era bem mais novo, mas na década de 80 eu já era adolescente, e a realidade era bem diferente! Por exemplo, a Revista Mad era meio que leitura obrigatória, embora não pudesse mesmo ser considerada literatura. Álbum de figurinhas era legal, e todo mundo meio que colecionava.

Telefone celular, quando apareceu, era coisa de burguês, e o pessoal malhava quem tinha!
Casseta e Planeta eram uma revista chamada A Casseta Popular e um jornal chamado O Planeta Diário! Minha mãe me levava para ver o zoológico em Goiânia e à tarde íamos ao Mutirama!

Tenho um sobrinho que viu uma máquina de escrever pela primeira vez na vida, e olhou e olhou e olhou, e finalmente me perguntou: "Tio, é um computador sem monitor mas com impressora?"

Hoje em dia o pessoal diz que vai "discar" para alguém, e com isso determina que vai telefonar. Mas ninguém mais conhece (e poucos são os que se lembram) de um telefone com "disco".
Meu primeiro vídeo-cassete (já com gravador, que era mais caro que os que só tinham player) era alimentado por uma gaveta que saída de dentro do aparelho, por cima. Um contrabandista amigo, que trabalhava na Polícia Rodoviária, me trouxe do Paraguai e eu fiquei pagando por 12 meses. Tive que levar à Brasília, para trocar um cristal, porque ele não funcionava com o sistema de cores do Brasil.

Comprei muita "ficha telefônica", que parecia muito com as fichinhas de fliperama, para usar os telefones públicos. Tinham as "locais", "DDD" (Discagem Direta à Distância" e as "DDI" (Discagem Direta Internacional) e elas eram vendidas em vários locais, inclusive nas companhias telefônicas, que tinham serviços de ligações interurbanas. Você pedia uma cabine, a atendente te dava uma chave, você ia até um cubículo com um aparelho de telefone dentro, ligava pra onde quisesse, e ao sair era cobrado pelo preço da ligação. Era moderno!!!

Os bons aparelhos de som para carro tinham toca-fitas, além do rádio AM e FM. Fita K7 era quase um luxo, mas ficou bem comum em pouco tempo, não muito diferente do que aconteceu com o CD.

Todo mundo tinha um toca-discos em casa, mas apenas poucas lojas tinham boas agulhas para vender. As agulhas eram feitas de resina, cristal, vidro, qualquer coisa que pudesse ficar fina o suficiente para navegar por dentro das ranhuras dos discos de acetato. Era muito importante não permitir que os discos arranhassem, e haviam soluções a base de silicone para limpa-los.

Os meninos compravam bolas de gude na venda (e pelo que eu me lembre, toda esquina tinha uma venda), e também traques, bombinhas, cordas e cordonê, um tipo de barbante grosso para fazer pipa.

Saber fazer pipa, rodar bem um peão e pular corda eram símbolos de status para a molecada.

Me lembro da primeira vez que uma TV em cores, e me lembro dos pequenos grupos de pessoas em frente as lojas, se acotovelando para ver também.

O mais interessante disso tudo, é que me lembro bem de meu pai reclamando que tudo estava muito mudado, o que me fazia pensar que ele também tinha passado por uma fase como a minha, de ver tudo ao redor mudar de forma, velocidade, aparência. Acho que a diferença foi só em como a minha geração pegou as modificações. Nós meio que aceitamos bem essas mudanças, todos esses avanços. Imagino que em mais 20 anos, quando os telefones celulares forem embutidos dentro da cabeça das pessoas, meu filhos vão achar a coisa mais normal do mundo, e reclamar porque demorou tanto para acontecer.

De minha parte, admito que sinto saudades da década de 80, principalmente. Mas não a ponto de querer aquilo tudo de volta. Acho que as décadas de 70 e 80 são ótimas para serem lembradas, mas foram meio ruins de serem vividas. Tá, a música era legal, mas vou dizer, BBS e Internet discada eram coisas de matar a gente.

E hoje em dia, posso colocar todas as músicas que eu gosto desse período dentro de um único DVD, com compactação MP3.

Gosto muito da época em que estou vivendo!!


Aqui, o link para uma música dessa época que tem muita importância para mim, e que eu acho, vai atravessar de forma saudável ainda algumas décadas.

U2 - With Or Without You

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