Covid-19, OMS e Bolsonaro
Você está em seus 12, 13 anos de idade. Naquela manhã,
acorda com febre. Sua mãe determina que naquele dia você não irá à escola. Ela
não tem a intenção de arruinar seu aprendizado ou a economia. Sua mãe vai se
basear no conhecimento que ela já tem de doenças que você teve no passado, para
tomar as medidas que possam te recuperar. Ela não vai assumir imediatamente que
você tem catapora. Ela vai manter você quieto, até descobrir o que você tem e
te dar o remédio correto.
Você joga na mega-sena ou na euro-milhões. Um dia, você
ganha o prêmio máximo!
Por mais feliz que fique, você não pode afirmar que “sabia” os números que iriam ser sorteados. Você teve uma intuição, você deu sorte, mas você não “sabia”, não tinha o conhecimento, a cultura que seria necessária para saber, antecipadamente, quais números seriam selecionados.
Por mais feliz que fique, você não pode afirmar que “sabia” os números que iriam ser sorteados. Você teve uma intuição, você deu sorte, mas você não “sabia”, não tinha o conhecimento, a cultura que seria necessária para saber, antecipadamente, quais números seriam selecionados.
A Organização Mundial de Saúde voltou atrás em pelo menos 3
afirmações que havia feito durante esse período de Covid-19. Por mais inconveniente
que seja, é melhor voltar atrás e corrigir uma informação errada do que
permanecer nela. Há um pouco de nobreza e seriedade em admitir um erro. Em
situações médicas, mais do que isso, é algo obrigatório.
Não descarto a possibilidade de a OMS ter motivações políticas. Qualquer coisa que
funcione com dinheiro dos outros, provavelmente tem. Mas antes de tudo, a OMS é
uma organização de saúde! Ela conta com o trabalho de doutores, cientistas,
pesquisadores. Claro que ocorrem erros! Mas eles admitem os erros e continuam
as pesquisas, com as novas informações que vão surgindo.
Como sua mãe, quando você acordava com febre, a OMS colocou
um protocolo básico, configurado nas doenças anteriores que já conhecia. Na
medida que testes e observações foram sendo feitas, as características únicas
dessa nova epidemia foram sendo reveladas e, com isso, novas ações foram
implementadas.
Se um político falou que a doença não era tão transmissível,
ele estava certo. Mas ele não “sabia” que estava certo! É o mesmo caso de você
que ganhou na mega-sena ou na euro-milhões. Você achava que aqueles números
seriam premiados, e foram. Mas não era conhecimento, era palpite! Você acertar
um palpite não te faz um especialista em jogos, como não faz um político
especialista em doenças.
Nesse meio tempo, vimos gente reclamando de medicamentos e
defendendo medicamentos, como se fôssemos todos médicos! Nós nunca colocamos em
questão o tipo de medicamento que os médicos nos passavam. Ajuntávamos nosso
dinheirinho, comprávamos as drogas e apenas confiávamos que ficaríamos bem.
Agora, temos esse levante contra a cultura médica, como se fosse a política que
fosse curar as doenças.
Esse período me mostrou claramente como funciona o Movimento Anti-Vacinas. É apenas ignorância, cercada de pensamento politizado.
Se você está doente, quem vai te ajudar é um médico, não um
político.
Se há uma pandemia, a OMS sempre estará mais certa que um presidente. (E não pensem que a OMS erraria por influência política. Um presidente É a política! Se o erro é político, então melhor ficar com um médico politizado que com um político profissional).
Se há uma pandemia, a OMS sempre estará mais certa que um presidente. (E não pensem que a OMS erraria por influência política. Um presidente É a política! Se o erro é político, então melhor ficar com um médico politizado que com um político profissional).
Bolsonaro estava certo sobre o risco da contaminação? Sim,
ele estava.
Ele tinha algum fato para garantir sua afirmação? Nenhum fato! Ele acertou um palpite.
Ele tinha algum fato para garantir sua afirmação? Nenhum fato! Ele acertou um palpite.
Fico envergonhado de ver gente inteligente falando que “Bolsonaro
estava certo o tempo todo”, como se ele fosse um profeta que vê o futuro. Ele
deu um palpite (e certamente esperava estar certo) e seu palpite era correto.
Mas ele não sabia disso, não havia comprovações científicas para isso.
E a raça humana não pode votar à época em que acreditava nas
palavras dos líderes, em detrimento à ciência. A ciência não é exata, a ciência
erra, a ciência volta atrás, muda e evolui. Sempre aprendemos algo novo e, com
isso, mudamos nossa maneira de agir. Um dia, cocaína foi remédio, urânio foi
cosmético. E a ciência deixou! Até entenderem o problema e mudarem de ideia.
Mudar
de ideia não é errado.
Mas desenvolver uma crença sem comprovações, é.
Bolsonaro errou. Não em sua previsão. Mas em ter decidido
dar uma previsão.
A paixão popular por um político não pode ser maior do que a preocupação
com sua própria saúde. Se você está doente, você precisa procurar um médico,
não um político.
E acho constrangedor ter que explicar isso para adultos.
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