Big Bad Wolves (Os Lobos Maus)


As vezes um filme me impressiona ou choca tanto, que eu preciso escrever sobre ele!

Não são muitos os filmes israelenses a que eu já assisti, mas talvez até por sorte, gostei muito de cada um que já vi. Assim, quando vi a reportagem de produção deste filme e depois alguns comentários muito positivos (Tarantino teria dito que é o melhor filme do ano de 2013 [mas também foi dito que pagaram o cineasta para dizer isso]), decidi não saber nada da trama e apenas assistir.

A princípio, pelo título e por alguns comentários, pensei que fosse um filme de terror. Esperava ver lobisomens.

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A partir de uma série de assassinatos brutais, em que o maníaco molesta, tortura e degola menininhas, uma investigação policial aponta para um professor primário como suspeito. Um policial desacreditado e violento, que vive à margem da lei, querendo melhorar a própria imagem junto a seus superiores, seqüestra o suspeito e o leva a um prédio abandonado, para interroga-lo sob tortura.
A ação do policial entretanto, é testemunhada por um adolescente, que grava a sessão de torturas e coloca na internet!

Diferente do que eu esperava, a gravação não dá muitos problemas para o policial. Pelo contrário, complica ainda mais a vida do professor, que, por ser um suspeito em tão terríveis crimes, perde seu emprego e vira alvo do ódio e desprezo da sociedade.
E não pensem que estou entregando a história, isso tudo acontece em 5 minutos de filme!

O pai de uma das crianças mortas vê o vídeo na internet e decide ele mesmo interrogar o “criminoso”, para saber onde está a cabeça da própria filha, que jamais foi encontrada.
A partir de então, o filme mostra quem são os reais lobos maus do título. Culpa, ódio e frustração se misturam em uma trama sufocante e extremamente criativa!
E eu que esperava ver monstros no filme, sou forçado a perceber, cruelmente, que são os humanos, os piores monstros que existem!

Não é um filme para todos os gostos, mas é uma história brilhante, que mistura um tipo de terror real com humor negro e política. Enquanto o humor negro é usado com uma frieza enorme, aumentando e não aliviando a tensão, e o momento político da história não nos permite esquecer que, afinal, são israelenses cercados por árabes que compartilham um ódio milenar, é o terror que realmente inova!

O suspeito tem apenas sua própria palavra (quando não está amordaçado) para declarar sua inocência, enquanto o policial precisa encontrar um culpado para resolver seus problemas no trabalho e o pai da vítima necessita desesperadamente se redimir da culpa que carrega por haver esquecido de buscar a filha na escola, no dia que foi sequestrada.

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É um filme sem heróis, em que todos parecem culpados de crimes terríveis. Nunca nos é dada certeza de coisa alguma, vamos aprendendo a história na medida que ela se desenrola para os personagens.

Mas fiquei particularmente chocado com o que o filme me mostrou sobre mim mesmo! De como sou, e somos todos, afinal, levianos ao julgar, nos deixando levar pela trama, ora simpatizando, ora odiando cada um dos personagens, mudando de ideia a todo momento, repudiando ações que antes mereciam apoio, tão perdidos quanto os personagens. E essa confusão é mantida durante todo o filme, mostrando que os que assistem também são monstros, Grandes Lobos Maus, até o amargo final.



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P.S. Para a segunda linha desse post, tive que fazer uma pesquisa porque não sabia se o filme era “israelita” ou “israelense”.
Aprendi que:

ISRAELITA Se refere ao descendente do patriarca bíblico Jacó (Israel) ou ao descendente de qualquer das 12 tribos hebréias.
ISRAELENSE  Diz respeito ao estado de Israel ou aquele que é seu natural ou habitante.
JUDEU Tem relação com a antiga tribo de Judá. Diz-se do indivíduo ou povo originado dessa tribo, seguidores do judaísmo, da religião judaica.

(Só de sacanagem, usei a fonte “Hebrew TTF”)


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