A Quatro Mãos - O Que Pensamos Sobre Discriminação
Por algumas vezes, eu e minha esposa Thâmara (escritora do Blog “Em Crise de Identidade”) temos conversas sérias sobre os mais variados assuntos. Normalmente conseguimos chegar a um ponto comum, mas no geral temos opiniões diferentes sobre temas diferentes.
Nenhum dos dois se conforma com a opinião diferente do outro e normalmente as conversas varam as noites por aqui. Eventualmente, conseguimos pelo menos entender o ponto de vista um do outro, mesmo que não concordemos com ele.
Mas algumas vezes pensamos de forma tão similar, tão coincidente, que um dia comentamos que se fôssemos escrever cada um, um texto sobre um desses assuntos, o teor seria idêntico.
Aproveitando isso, e tendo chegado a uma opinião muito similar sobre um tema, decidimos fazer mesmo um texto, a quatro mãos, sobre discriminação.
Esse é o primeiro texto de uma série que eu pretendo, dure pelo mesmo tempo que durarem nossas discussões do bem aqui em casa!
Discriminar, segundo o dicionário online Priberam, é "estabelecer diferenças; colocar algo ou alguém de parte; tratar de modo desigual ou injusto, com base em preconceitos de alguma ordem, nomeadamente sexual, religioso, étnico, etc."
O termo politicamente correto "afro-americano" refere-se especificamente aos descendentes de negros que vivem nos EUA. Assim, os descendentes de negros no Brasil devem ser chamados de "afro-brasileiros". Mas nos parece preconceituoso criar uma qualificação gráfica para apenas um grupo. Isso nos parece discriminação do mesmo jeito, considerando que estamos "estabelecendo diferenças".
Se vamos ter uma terminologia nova, então devemos chamar os brancos de euro-brasileiros ou caucáso-brasileiros. Nossos indígenas deveriam ser chamados de indígeno-brasileiros ou brasilíndios. E os australianos naturais, chamados aborígenes, seus descendentes serão áustralo-descendentes?
Os descententes de japoneses serão "nipo-descendentes" ou "oriento-descendentes"?
Aliás, a Rússia, Índia e Paquistão estão na Ásia. Eles então são asiáticos, certo? Traços e cores absolutamente diferentes dos chineses, por exemplo, mas assim mesmo asiáticos. Nesse caso, como fica a definição politicamente correta dos descendentes de asiáticos?
Inclusive, o termo "afro-descendente", pelo simples fato de indicar descentes da África, não deveria designar todos os negros, já que alguns vieram do Caribe. Sem falar que existem africanos que não possuem características dos negros, como os que nascem no Egito, Marrocos, Sudão, Líbia, dentre outros, que integram o oriente médio e possuem características físicas (e culturais) completamente diferentes dos nigerianos, sul-africanos, quenianos e outros.
Vamos classificar todos com uma terminologia só ou vamos discriminar ainda mais, país por país?
Achamos isso tudo uma bobagem, sem falar numa outra forma de discriminação. Porque, sério, gente, faz alguma diferença?
Acreditamos que não importa o quão politicamente correto seja, se você classificar a pessoa pela cor da pele, região onde nasceu, religião, sobrenome, preferência sexual, classe econômica ou qualquer peculiaridade que seja, é preconceito e discriminação! Achamos que o grande lance é respeitar as diferenças de cada um como uma coisa normal de ser humano.
(Gente, que foto linda essa alí em cima, feita em uma reunião na França, onde diversas etnias se reuniram para discutir a segregação racial)
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