Cores no Computador (Parte 01)
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A algum tempo, recebi um e-mail de um amigo me perguntando como funciona o código de cores hexadecimais, que são encontrados nas caixas de cores do Photoshop e Corel DRAW! dentre outros softs.
O que parecia uma resposta simples, me levou a uma pesquisa enorme, que acabou por resultar em dois posts (porque o mesmo amigo e mais algumas pessoas [minha filha, inclusive!!] reclamaram que alguns posts que escrevo ficam grandes demais), já que o material é muito interessante e não consegui reduzir.
Então, vamos começar pelo começo (mas bem começo mesmo!!)
O que é “cor”? (Fala sério, não tem como ser mais “começo” que isso)
Bem, por definição, a cor é uma percepção visual (que depende de uma interpretação do cérebro) provocada quando um feixe de fótons (que são as partículas da luz) atinge as células da retina e, através do nervo ótico, são levadas ao cérebro.
Isso quer dizer que as cores existem na medida que o cérebro as processa. Então, na prática, não existem cores, mas apenas interpretações do cérebro para esses fótons soltos por aí.
O que me leva para o campo da abstração...
Continuando, as cores são determinadas pela frequência de onda que as moléculas do objeto iluminado ou luminoso, refletem ou projetam.
Assim, cada cor tem uma frequência especifica.
Isso quer dizer que um objeto vermelho, por exemplo, tem essa cor porque os objetos vermelhos não absorvem a frequência referente ao vermelho.
Então, o que a gente vê é onda, igual de rádio e televisão, mas em uma frequência diferente, que o nervo óptico pode interpretar.
(E antes que alguém venha dizer que não é óptico e sim ótico, eu pesquisei! Óptico, com “P”, se refere à visão e Ótico, sem “P”, se refere ao ouvido. Não é culpa minha se o pessoal escreve errado. Mas se você for à uma loja chamada ótica, abre o olho!! E depois fecha, porque lá eles cuidam de seu ouvido!!)
Claro, o olho humano (e os de outros animais também) funciona em apenas uma faixa de frequência de onda específica. Nós conseguimos ver apenas as cores que ficam entre o violeta e o vermelho. Acima do violeta e abaixo do vermelho, são as frequências ultra-violeta e infra-vermelho, que estão lá, mas a gente não vê.
Então, funciona assim: Você tem lá 3 bolas, uma vermelha. uma azul e uma verde. Está escuro, não da para ver nada. Daí você liga uma lâmpada e aponta para as bolas. A mesma luz atinge as 3, mas cada uma delas te devolve todas as frequências que recebe da lanterna, MENOS a frequência referente à cor de cada bola. Essa frequência é absorvida pelas moléculas da bola. Por permanecer lá, a gente pode vê-la.
Em um pouco mais de abstração, isso quer dizer que a gente, na realidade, não “vê” os objetos, mas apenas a luz que é retida neles. Eu tinha 7 anos de idade quando li sobre isso e fiquei meio doido por uns dias.
As células do olho humano que enxergam as cores, os cones, são “tricromatas”, quer dizer, trabalham com base de 3 cores, para somar todas as outras. Alguns répteis, marsupiais e aves tem um sistema “quadricromata” o que os permite ver uma faixa de cores maior que a nossa. A maioria dos mamíferos, excetuando os primatas, tem um sistema de visão com apenas dois receptores coloridos e são chamados de “dicromatas”. Isso esclarece um antigo mito, de que os touros atacam a cor vermelha. Não é verdade, já que ele não vê o vermelho.
Pessoas com algum tipo de deficiência nas células receptoras de cor, são chamados “daltônicos” e não conseguem diferenciar algumas cores.
Bem, usando como modelo de cor a luz, sabemos que a luz branca é a soma de todas as cores primárias (Que alguns dizem ser o vermelho, azul e verde e outros dizem que são amarelo, azul e vermelho) . Gente, esse é um assunto BOM DEMAIS, e eu prometi não escrever muito. Então, sugiro com força que deem um “googleada” em Thomas Young, James Clerk Maxwell, e Hermann von Helmholtz, que estudaram (e meio que definiram) a colorimetria e a fisiologia visual. É MUITO LEGAL!
Mas voltando para o assunto central, a luz branca acumula dentro de si todas as cores do espectro visível. Uma prova disso é que toda vez que a gente decompõe a luz branca, ela nos mostra as outras cores.
O exemplo clássico é o arco-íris. A luz do sol é desviada pelo efeito prisma produzido pelas gotas de água.
O exemplo acadêmico é mesmo um prisma, nessa foto com alguma fumaça para realçar.
Eu pessoalmente considero um CD o melhor, mais fácil de obter e mais moderno exemplo de como a luz branca pode ser decomposta em todas as outras. Minha filha achou “lindinho”.
Estabelecido o que é cor, temos então dois tipos dela. A cor “aditiva” e a cor “subtrativa”. A “aditiva” é aquela visível por um ponto de origem luminoso e a “subtrativa” por um ponto de visão iluminado.
Uma fotografia em papel ou uma pintura, por exemplo, que precisam receber luz para serem vistas, são objetos iluminados de cor “subtrativa”, como vimos ali em cima. Já a imagem de uma televisão é luminosa e de cor “aditiva”, já que joga as cores diretamente em nossos olhos.
Então, existe uma diferença estrutural nas cores que são projetadas em nossos olhos, como os monitores de computador, e as cores que precisam ser iluminadas para serem vistas, como aquelas imagens que são geradas em nossas impressoras.
E é essa diferença, essa discrepância que obrigou a criação de dois sistemas de cores diferentes entre si, o RGB e o CMYK.
O sistema de cores utilizado pelos monitores de computador, televisores e projetores é o RGB, onde R é Red (vermelho), G é Green (Verde) e B é Blue (azul)
Se você pegar uma lente de aumento e olhar bem de perto uma televisão colorida antiga, ou um monitor com display de cristal líquido, vai ver pequenos pontinhos coloridos, nas três cores.
Essas 3 cores em conjunto, chamadas aqui de “cores primárias” geram as outras cores chamada secundárias, o amarelo (somando o vermelho com o verde), o ciano, (somando o verde com o azul) e o magenta (somando o vermelho com o azul). As três cores primárias juntas geram o branco, e por ser um sistema luminoso, não possui preto. Preto, nesse sistema, são todas as cores desligadas.
A soma dessas 6 cores, primárias e secundárias, geram as terciárias e assim por diante.
Já o sistema de cores usado para impressão é o CMYK. Ele é formado pelas cores C de Cian (ciano), Y de Yellow (amarelo), M de Magenta e K de Black (Preto).
Tá bom, a palavra “Black” é com “B”, mas já tinham usado o “B” para “Blue”, então usaram o “K” para “Black.
Quem tem impressora em casa sabe que os cartuchos de tinta são com essas cores aí.
Nesse sistema, as 3 cores primárias geram também suas secundárias, onde se misturando o ciano com magenta se obtém azul, magenta com amarelo gera vermelho e amarelo com ciano gera verde.
Esse sistema não tem a cor branca, porque é usado para impressão e o papel da impressão já é branco. Em compensação, tem uma quarta cor, o preto.
Algumas impressoras não usam a tinta preta para fazer a cor preta, apenas somam o Ciano, Magenta e Amarelo. Fica um tom azulado e não dá um acabamento profissional.
A soma dessas 3 cores primárias com as 3 secundárias também geram todas as outras.
É claro que, em se tratando de impressão em papel, qualquer tipo de variação nas tintas acaba por criar cores imprecisas. Foi necessário criar um código de cores para equalizar as impressões. Porém, por uma questão econômica, algumas empresas passaram a patentear seus códigos e cobrar direitos sobre seu uso. Por causa disso, de uma maneira geral, cada grande empresa acabou por criar seu próprio código de cores, sempre muito específicos.
Dentre os maiores códigos de cores, podemos citar o Trumatch, Toyo, Focoltone e Pantone, sendo esse último, provavelmente o mais utilizado no planeta.
As cores são descritas por um número, como pode ser visto na caixa de cores do Photoshop, na imagem acima. Aquele tom de azul específico, o Pantone 300, tem o valor CMYK de 99, 34, 0, 0.
A cor Pantone 300 tem uma história interessante: O parlamento da Escócia, preocupado com a falta de padrão nas cores utilizadas para se fazer a bandeira nacional, decidiu, por lei, que Pantone 300 passaria a ser a cor oficial.
A Coreia do Sul e o Canadá também usam o sistema Pantone para definir as cores de suas bandeiras.
Claro que a ciência tem formas mas precisas de definir cores, como a medida do espectro de onda, por exemplo. Mas eu respeito uma decisão política que faz uso de tecnologia comum para resolver seus assuntos internos. Estou seguro que fabricantes de bandeiras e estudantes por lá também concordam com a medida.
Aqui, a bandeira da Escócia, em Pantone 300.
Fecho esse post com um site MARAVILHOSO, o Brandcolors.
Nele, você localiza o nome da empresa que quer ver as cores, e o site te mostra as cores exatas e, se você clicar em cima de uma delas, ele já salva o código hexadecimal em seu clip+board, para você usar em seu programa de edição de imagens!
(No próximo post, falarei sobre como calcular as cores em RGB, CMYK e Hexadecimal (Finalmente!!).
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Comentários
To XOCADAAA com a parte do OPTICA ainda!
Carlos de Bayma.