Copa do Mundo ou Brasil x Argentina
Não gosto muito de futebol, nunca gostei. As pessoas perguntam “Qual o seu time?” como se essa fosse uma pergunta de resposta obrigatória. Falar que não “tem” um time é como falar que não sabe qual seu próprio sexo. As pessoas te olham com os olhos esbugalhados, como se você tivesse confessado um crime. Pensam por um pouco e então insistem: “Mas prefere flamengo ou fluminense?”.
Ora, eu não “tenho” time, não gosto de futebol, não entendo futebol. Me dar nomes de times é o equivalente a dar elementos químicos da tabela periódica para o garçom do boteco! Eu não sei, não conheço, não gosto!
“Mas você é goiano, pelo menos do Goiás você deve gostar!”
Caraca.
Esse lance de torcer para um time me escapa absolutamente. Meu falecido pai torcia para o flamengo, meu irmão torce para o flamengo. 40 anos de distância, é claro que eles não torceram para o mesmo time. As pessoas torcem para um escudo, um emblema. É o mesmo que comemorar porque a Guaraná Antártica vendeu mais nesse final de semana que a Taí. E a piração vai mais longe: alguns jogadores são malhados pelo time adversário, que fala mal do moral do cara, das habilidades, do peso. Mas aí, contratam o cara e agora a opinião muda completamente: "ele veio para somar, sua habilidade vai dar nova dimensão para o time"!
Outra coisa que eu não entendo é esse lance de 22 (VINTE E DOIS!!) homens e apenas uma bola. Gente, esporte para uma bola só é ping-pong, tênis, queimada… Com 22 homens, deveria haver umas quatro bolas! E veja como o jogo ficaria dinâmico! 22 homens, quatro bolas, 3 lugares de marcar gol, um de cada time e um com valor menor, comum aos dois times.
Fez gol ali, vale meio ponto. Sem goleiro, o pessoal que tem que se virar pra defender e sem as mãos! Mais os dois lugares com travessões que já tem, esses sim, cada um com um goleiro. As bolas poderiam ter cores e pesos diferentes e cada bola faria gols com valores diferentes. A bola vermelha, pesando 2 quilos, faria gols de 3 pontos (um ponto e meio, se fosse no lugar sem goleiro). Aí sim, teríamos um jogo dinâmico.
Mas, deixando meus devaneios de lado, chega a época da copa do mundo e aí não tem jeito de evitar os jogos. Porque até feriado acontece! Você liga a TV, ou assiste ao jogo, ou assiste a uma série de desenhos repetidos do Pica-Pau.
Esse ano, voltaram pra casa mais cedo Argentina e Brasil. O que foi uma frustração dupla, me pareceu a partir das conversas dos comentaristas, porque eles queriam uma final entre Brasil e Argentina. Tenho dificuldades também em entender essa rivalidade com os argentinos por causa do futebol. Tá, posso mesmo admitir que o tal Maradona é um porre e ele teve um lance com cocaína no passado, o que torna um herói do futebol um mau exemplo, mas vamos lá, ele deu a volta por cima, isso é bom para a moçada: saber que se pode corrigir os erros.
Mas o cara é arrogante demais e acho mesmo que desgostei dele não pelo ódio nacional contra a Argentina inteira, mas sim pelas entrevistas dele. Enfim, voltaram os dois para casa.
Aqui no Brasil, o treinador da seleção era o Dunga, o maior dos anões da Branca de Neve. E esse teve uma temporada dura no comando da seleção. Brigou com a Globo e como é difícil vestir branco depois de brigar com a Globo. A população inteira falando mal do cara, demissão imediata tão logo perdeu o jogo decisivo, constrangimento nacional. O coitado perdeu a linha que tinha. Até joguinho de tomar pé na bunda ele ganhou!
Na Argentina, o ex-drogado e chato-de-galochas Maradona é recebido como herói, como se tivesse ganho a copa.
O que há de errado aqui? Por que os brasileiros foram tão cruéis com o Dunga (que nos levou à derrota) enquanto os argentinos foram tão gente boa com o Maradona, que também os levou à derrota?
Ainda assim, o povo Argentino recebeu muito bem o time derrotado deles. Mostraram apoio, gentileza, agradeceram pelo que foi feito, 77% da população pesquisada, apoia a continuidade de Maradona no comando da seleção deles.
Sério, o que é essa diferença toda?
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