Como Resolver o Problema dos Remédios Fracionados

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O PROBLEMA

Criado em 2006, o Projeto de Lei 7.029 torna compulsória a produção e a venda de medicamentos fracionados. Isso quer dizer que o consumidor pode, em tese, comprar um número determinado de comprimidos ou pílulas e não necessariamente toda uma cartela.

Pode parecer algo sem importância, mas se o médico lhe receita um remédio para ser tomado durante uma semana e você precisa comprar uma cartela com 12 comprimidos tem aí um prejuízo de 5 unidades que não serão necessárias, mas que você terá que pagar por elas. Isso é quase 50%, é como pagar dobrado pelo remédio realmente necessário.

Sem contar que os remédios não tomados, que fatalmente irão parar no fundo de uma gaveta, são um risco constante para crianças e mesmo para adultos, que podem consumir este medicamento no futuro já fora do prazo de validade.

Claro, essa é uma daquelas aberrações que o Presidente Lula classificou como “Lei que não pegou”. As explicações para o não funcionamento da lei são ainda mais estapafúrdias.

AS CAUSAS

Sérgio Mena Barreto, presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, alega que as farmácias não vendem remédios em unidades porque não os recebem fracionados.

Nelson Mussolini, vice-presidente do Sindicato da Industria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo, diz que enquanto o projeto de lei não tornar obrigatório fracionar os remédios, eles não farão investimentos nessa modalidade de venda.

Para livrar a cara das outras duas pontas dessa história, Pedro Zidói, presidente da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico, diz que "até hoje o comércio farmacêutico não recebeu nenhuma receita médica para a venda de fracionados”.

E a secretária do Conselho Federal de Medicina, Desiré Callegari, diz que os médicos não prescrevem remédios fracionados porque sabem que o mercado não os tem. Nas palavras dela “a população não tem a cultura de comprar fracionados”.

Bem, enquanto ficam todos explicando que a culpa não é deles, nós consumidores ficamos no meio da bagunça. É verdade que não temos a cultura de comprar fracionado, mesmo porque, quem prescreve receita é médico, não paciente.

Sob meu ponto de vista, existem duas forças enormes atuando para que esse benefício não se realize:

1)- Laboratórios premiam médicos e hospitais que vendem seus produtos. Existe uma cultura de dar viagens com hospedagens para os médicos que mais vendem produtos de certos laboratórios.

2)- Os laboratórios são obrigados por lei a emitir bula em todos os remédios vendidos. A preocupação deles está, principalmente, no gasto em se criar bulas para venda de uma ou duas unidades de medicamentos mais embalagem adequada. Papel custa dinheiro e toda economia é boa.

No final, é tudo uma questão de economia e conveniência, deixando quem realmente precisa do medicamento na pior posição.

A SOLUÇÃO

Gente, é tão simples que não acredito porque ainda não estão fazendo assim.

O fabricante não precisa fazer embalagens para uma ou duas unidades, o que realmente oneraria a produção. Pelo contrário, ele venderia os remédios às farmácias em grandes frascos, iguais àqueles que vendem aditivos alimentares, que mais parecem um balde.

O Fabricante pode colocar 500, 1000 unidades em cada vasilha dessas e mandar para as farmácias. Sem bula, só o vasilhame gigante com os medicamentos dentro.

Nas farmácias, o paciente apresentaria a receita médica e o farmacêutico aviaria normalmente. Pegaria dentro da vasilha gigante o número determinado de remédios. Se o médico, ao fazer a prescrição, não colocasse o número exato de remédios, o farmacêutico, com o auxilio de uma pequena calculadora manual (ou mesmo aquela que vem no Sistema Operacional Windows) faria a soma: 3 remédios por dia, de 8 em 8 horas, por 7 dias. 7x3 = 21, então 21 comprimidos.

O farmacêutico vai então até seu computador e carrega a bula, que está disponível tanto no Bulário Nacional, quanto no site do fabricante, se ele achar essa medida útil aos consumidores pagantes. O farmacêutico então imprimiria a bula em um saquinho de papel e, se quiser ser gentil, pode até imprimir as orientações médicas: “tomar 1 cápsula a cada 8 horas, por 7 dias”.

Ele, então, pegaria esse saquinho, agora impresso, e colocaria as 21 unidades dentro dele. O paciente pagaria o preço justo e iria se tratar.

As empresas, ao verem que dessa forma poderiam vender mais, talvez até premiassem além de médicos e hospitais, também farmácias, e até sugiro que um bom prêmio seria composto de impressoras, cartuchos de tinta e saquinhos de papel. Mesmo porque, não tendo que pagar as embalagens, a empresa farmacêutica já sairia lucrando.

Nos respeitem e não venham com essa conversa esquisitona de que não temos o hábito de comprar remédios fracionados. Nossos hábitos, ainda mais de saúde, nos são ensinados pelos profissionais da saúde. Ministério da Saúde, ensina aí, que a gente aprende.

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