A Juliana Está? (ou "Tio, Disca o Número Certo Prá Mim?")
Estou em casa, 15:00 horas. Tenho um orçamento para terminar e eu tenho tempo, estou tranquilo. O clima está quente, mas um vento fresco entra pela janela, tarde feliz.
Toca o telefone de casa, atendo, uma voz de homem diz:
_Juliana?
Eu, sem entender porque ele achou que meu “alô” parecia com uma voz de mulher, respondo:
_Não, Ferreira.
alguns segundos de silêncio, sabe Deus o que passava na cabeça do coitado.
_A Juliana está?
_Amigo, você ligou no número errado, não tem Juliana aqui não. – E desliguei, porque não tinha mais nada para falar. Volto ao orçamento. Dois minutos depois, o telefone toca de novo.
_Por favor, eu gostaria de falar com a Juliana? –Dessa vez ele foi educado, achei legal.
_Amigo, você ligou errado de novo, esse telefone não é da Juliana e não tem Juliana nessa casa. – Desliguei de novo.
Volto para o orçamento, onde eu estava mesmo? Essas chamadas de telefone realmente desconcentram a gente. Não se passaram 5 minutos, toca o telefone de novo (eu sempre atendo, achando que é um de meus filhos).
_Eu queria falar com a Juliana.
Agora estou puto com esse infeliz, acredito que a Juliana tem sorte em não ser encontrada. Ainda quero ser educado, mas agora já não me preocupo tanto.
_Cara, você está de sacanagem comigo? Você acha que se ligar muitas vezes vai aparecer uma Juliana aqui?
_É que eu tenho esse número….
_Que é claro que está errado, já não te disse? E mesmo que tivesse Juliana aqui, o que não tem, você acha que ligando muitas vezes vai me fazer chama-la pra você? Vai na casa dela, caramba! – E desliguei de novo.
Agora o orçamento não faz mais sentido, está entrando um vento quente pela janela, um bando de cachorro latindo na casa vizinha, concentração zero. Resolvo dar um tempo, vou lá fora, brinco com meus cachorros um pouco, bebo mais água, muito quente aqui.
Volto para o computador, tento colocar as idéias em ordem novamente, vamos ao orçamento.
Quando o telefone tocou de novo, eu já sabia. Não queria saber, mas já sabia. Tinha que atender, porque poderia estar errado, mas eu já sabia que era o infeliz procurando a Juliana.
_Eu gostaria de falar com a Juliana.
Fazendo minha voz mais grossa, eu respondi.
_Oi, aqui é a Juliana.
Silêncio.
Eu falo novamente:
_Oi?
Depois de um tempo para pensar a respeito, ele volta:
_Eu… eu queria falar com a Juliana…
_É a Juliana aqui, pode falar! –Voz grossa, volume bem alto.
_…
_Vamos cara, você falou que queria falar com a Juliana! Agora fala e me deixa trabalhar!!!
_ Tu… Tu... Tu…
Se eu soubesse que seria tão simples, teria sido a Juliana logo na primeira vez.
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