Regras Tecnológico-Sociais (ou “Como Assim, Quem Está Falando?”)

 

  phone

 

Acho que já comentei por aqui que eu sou um cyber maníaco, amo de paixão novidades tecnológicas. E sou feliz, estive presente no lançamento de grande parte delas.

Eu estava lá, quando surgiram os micro-ondas. E também estava lá quando surgiram os computadores Desk Top e também quando surgiram os mouses!! (Verdade, crianças, eles não foram inventados juntos não!)

E eu também presenciei o nascimento do celular. Morava em Anápolis, tinha uns bons amigos com quem sempre me encontrava, e com quem ia para a sauna toda quinta-feira (Interessante isso de amigos, me considero um cara extremamente afortunado, fiz amigos que duram a décadas, de uma maneira geral meus amigos são boas pessoas! Tá, sempre tem um desvio, um que se perde, uma falha de caráter, mas no geral, bons amigos até o fim).

E como em todo grupo de amigos, tinha aquele que tinha mais dinheiro, e que foi o primeiro a comprar um celular. Na época do lançamento, não era mesmo coisa para todos não. E logo na primeira quinta pós celular, esse amigo perguntou “Eu levo o celular ou deixo em casa?”

Uma pergunta válida, já que não haviam ainda regras sociais para esse novo pedaço mágico de tecnologia. Hoje já está tudo codificado, cinema, teatro, restaurante, pode levar, mas desliga ou corta o volume. Novas tecnologias, novas regras sociais, acho isso muito legal.

Ainda assim…

Estou em casa, trabalhando em um roteiro. O telefone toca, eu me levanto, atendo, e alguém do lado de lá da linha pergunta:

_Quem está falando?

Perai… É ela quem está falando! Eu estava em casa, trabalhando! A mulher me liga e pede para que eu me identifique. Vamos voltar 80 anos, antes que o telefone ficasse comum. Já que não tinha telefone, eu vou na casa da pessoa. Eu bato na porta, o dono da casa a abre, eu entro e pergunto _“Quem é você?”

Pô, em alguns lugares do Brasil, era tiro na cara com certeza! O pessoal meio que perdeu a noção de regras de sociabilidade, quando o telefone está envolvido.

Outro exemplo, eu ligo e digo _”Boa tarde, meu nome é Ferreira, o Sr. João está?” (E vejam que legal, fui gentil, me identifiquei e falei o que precisava, prático, educado e rápido). E A pobrezinha do outro lado me pergunta: _”Quem deseja?”

phonemadDeseja o que?? Quem deseja o que?? Eu sei lá quem deseja! Devem ser as pessoas que jogam as moedinhas da fonte, ou aqueles que, no deserto, esfregam a lâmpada!!

Vamos lá, o chefe dela pode ter lhe dado a incumbência de fazer uma análise de mercado para descobrir quem deseja, e posteriormente, deseja o que (Chefe é chefe, pede o que quer). Mas pô, seria gentil se pelo menos ela me informasse que estava fazendo uma pesquisa, já que não vai me responder se o Sr. João está…

Daí eu digo, "_Desculpa, quem deseja o que?” e a mocinha do outro lado fica zangada, como se eu estivesse debochando dela! E diz, com a voz ríspida:

_”Quem deseja falar com o Sr. João?”

Ora, eu sei lá!!! Deve ser alguém que conheça ele e queria falar algo, pedir alguma coisa emprestada, sei lá! Como é que eu vou saber quem é que deseja falar com o Sr. João?? Eu só quero saber se ele está lá, (Como perguntei logo quando liguei, de forma educada e prática), porque tenho que entregar um pacote para ele.

Tecnologia sem o devido raciocínio social é phoda.

Comentários

Criska disse…
Ah, mas tem a parte boa. O celular toca, vc olha o número e nem precisa perguntar quem é. Nem diz alô, afinal ela sabe que esse aparelho é seu. Somente um "fala, Ferreira" resolve tudo! Rs
Ferreira Neto disse…
Ah, Cris, mas essa pequena vantagem não vale o tamanho do problema. Mesmo porque, esse tipo de problema ocorre é quando a pessoa não tem seu número registrado no celular, e assim não sabe que é o "Ferreira" do lado de lá.
E Mesmo quando sabe:
Um dia desses, a Thâmara usou meu telefone para ligar para a Gina, ambos são Claro, promoção de 6 centavos o minuto. A Gina atende "Fala Ferreira!", mas era a Thâmara.
Alguns dias depois, pelas mesmas razões econômicas, Rísia usa meu telefone pra ligar pra Gina, que atende "Fala, Ferreira!"
__"Ah, oi, não, não é o Ferreira, é a Risia..."
Hoje em dia, eu ligo para a Gina e ela atende assim: _"Alô??"

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