Noroi

 


O primeiro filme em cinema que eu assisti, completamente contado na primeira pessoa, foi "A Bruxa De Blair".
Era um conceito já muito utilizado em curtas-metragens, principalmente em escolas de cinema, mas foi uma proposta corajosa dos diretores Daniel Myrick e Eduardo Sánches, que também assinaram o roteiro. E tiveram coragem também os produtores, que colocaram dinheiro lá!!

Pessoalmente, não gostei nada. Achei cansativo, daqueles filmes que dão enjôo, e o segundo é ainda pior.

Ainda assim, respeito enquanto obra cinematográfica, eles acabaram por criar um estilo.
J. J. Abrahams, criador do Lost e Fringe também andou por aí, com o seu Cloverfield. A verdade é que no cinema americano, tendo recursos econômicos, a coisa toda fica melhor.

Então, os espanhois Jaume Balagueró e Paco Plaza fizeram o seu "REC", filmão, dentro do mesmo estilo de primeira pessoa. Um ano depois, o cinema americano destruiria essa boa história com sua refilmagem chamada de "Quarantine".

O que me ensinou que, se dentro do mercado americano, quem tem mais dinheiro vai melhor, por outro lado quando os americanos competem com estrangeiros, nem toda a grana do mundo consegue salva-los.
Basta pensar no frances "Nikita" e no americano "The Assassin"...

Alias, essa coisa dos americanos de refazerem os filmes estrangeiros para o mercado deles é meio bizarra. Eu ficaria ofendido se alguém tivesse que regravar um filme para que eu pudesse entende-lo.
Enfim...

Assisti ontem a um filme japonês narrado em primeira pessoa, chamado "Noroi", que quer dizer Maldição.
Segue a mesma fórmula de todos os outros em primeira pessoa, acompanha-se uma situação capturando tudo com uma filmadora.
Nesse caso, é um jornalista que sempre estudou aparições de fantasmas e agora, com a possibilidade de gravar tudo em fitas, conta com um câmera-man que o acompanha, na tentativa de solucionar casos separados que misteriosamente começam a se referenciar e convergir.

Tá, sempre gostei de cinema japonês, acho que a maneira deles acreditarem que nós vamos entender o que acontece ajuda muito o desenrolar da coisa. O cinema americano tem essa mania tola de explicar tudo, o que acaba por tirar o suspense da trama.
Quem teve a oportunidade de assistir ao REC e ao Quarantine para compara-los, sabe como é e provavelmente concorda comigo.

No Noroi, a coisa corre solta, a gente vê e entende apenas o que o repórter vê e entende, e ele fica longe da verdade quase que o filme todo. Pequenos detalhes que uma câmera pode pegar, como uma visão noturna acidental, um amassado na fita ou uma linha de áudio a mais são razões suficientes para grudar a gente na cadeira, sem piscar!

Grande filme de suspense, para mim o melhor em primeira pessoa, até aqui!


Comentários

Diana Bitten disse…
Muito bom.

Descontando o finalzinho, até eu, mulher, concordo plenamente com o que escreveu.

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