Desinformação (ou "E Agora, O Que Eu Faço Com Minha Lingua?)
Estava eu em casa, completamente puto pelo excesso de erros de português que nossos prestimosos jornalistas televisivos tocantinenses nos premiam todos os dias. Era hora do almoço e eu tentava digerir minha saladinha enquanto um jornalista estuprava a lingua mãe.
Associei isso ao pessoal do marketing, nossos respeitados produtores de comerciais locais, que absolutamente não se preocupam em ofender os espectadores. Pensei comigo:
_Isso vai virar um post!
Uma amiga me disse que talvez não fosse legal, já que sou amigo de grande parte do pessoal da mídia de Palmas. Mas, peraí! sou amigo da língua portuguesa também, e acho mesmo que se alguém der um toque, eles podem até melhorar, se esforçar mais.
Ou, perder o amigo jornalista, mas não perder a piada que ele mesmo fez.
Mas tudo começou para mim, logo que cheguei em Palmas, sete anos atrás. Havia uma propaganda na TV anunciando um parque de diversões. Todos os brinquedos eram infláveis, havia castelos, escorregas e pula-pula...
O locutor, que eu não me recordo o nome, dizia: "Tragam seus filhos para brincar em nossos brinquedos inflamáveis!!"
Da primeira vez que ouvi, é claro que culpei a mim mesmo. Eu havia entendi errado! Afinal, quem, em sã consciência, levaria seus filhos para brincar em "Brinquedos Inflamáveis"? E ainda de plástico??
Mas sim, era o que o locutor falava. Alguém lá não sabia a diferença entre inflável e inflamável e, aparentemente, ninguém se deu ao trabalho de reler o script do comercial, ninguém revisou, ninguém assistiu ao comercial pronto antes de colocar no ar, ninguém observou depois.
Outro, que ainda está no ar até o dia dessa publicação é um que diz que "seus óculos velho" valem um determinado valor na compra de outro.
Gente, "óculos" é plural! Não existe isso de "óculos velho", pelo amor de Deus. É o equivalente a dizer "Carros antigo"!!
Em um telejornal esportivo, a simpática apresentadora me diz que determinado time tocantinense está colecionando "troféis"!!
Se a palavra terminar em ditongo (="eu") o plural é feito apenas acrescentando a desinência “s”. Se assim não fosse, o plural de "réu" seria "réis" e de "judeu" seria "judeis".
Algumas vezes, eu acho que os repórteres e jornalistas pensam que o som da palavra não é bonito e mudam para ficar mais legal. A repórter disse que uma determinada senhora teve problemas de saúde "em todas as suas gravidez". Bem, pela regra, se a palavra terminou em "z", ao passar para o plural acrescenta-se "es". Assim, rapazes, temos avestruzes felizes e capazes, e pode soar feio, mas é gravidezes. É a nossa língua, não inventa!!
Outra coisa, gente: Não existe feminino para a palavra "ídolo". Não tem "ídola" nem "ídala". E mais, se for usar essa palavra para uma mulher, o correto é "Ela é meu ídolo" e não "minha ídolo".
E para acabar, "alface" e "musse" são substantivos femininos. Já "guaraná" é masculino! E não adianta dizer que chamou de "uma guaraná" porque falava de refrigerante e não da fruta. "Refrigerante" também é masculino!!
Tudo isso eu vi na TV, em jornais locais. Acho muito provável que eu volte a falar desse tema em posts futuros, mas daqui pra frente vou tomar o cuidado de anotar nome, canal, jornal e horário. Acredito que isso venha, eventualmente, a ajudar.
Se não, pelo menos vou me divertir com isso e tentar não me sentir ofendido com esse descaso com a língua portuguesa.
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